Depois da Festa das Lazarinas, as laranjas de S.Lázaro, surge agora um certame baseado na parábola deste Santo

A ermida de S. Lázaro, em Bragança, recebeu pela primeira vez uma festa dedicada ao pão, que reuniu, no passado sábado, centenas de pessoas. Os produtos locais, como o artesanato, os doces e, claro, o pão, estiveram expostos no recinto, onde se instalou, também, uma tasquinha típica. Para além da venda e mostra dos artigos tradicionais, o programa da Festa do Pão incluiu o Circuito Pedestre das Searas. E as festividades foram igualmente um pretexto para reviver alguns jogos tradicionais, como é o caso do pião, do fito e do peso.

A Festa do Pão, organizada pela Obra de S. Lázaro, não foi apenas mais um certame, pois encerra uma mensagem transmitida pelo santo que deu nome à ermida. Reza a parábola de S. Lázaro que, sendo este um santo pobre, se alimentava das migalhas que caíam da mesa dos ricos. Esta parábola serviu de inspiração para a Obra de S. Lázaro que, ainda hoje, tenta cumprir a missão de levar o pão e algum conforto aos mais desfavorecidos.
As origens da ermida de S. Lázaro perdem-se no tempo. No local, existe uma fonte que terá aparecido para saciar a sede aos viajantes, em 1600. Só depois terá sido edificada a capela, que foi reconstruída em 1918, desconhecendo-se também a data da construção.
Mas, a devoção ao Santo manteve-se até aos dias de hoje, manifestada sobretudo na Festa das Lazarinas, as laranjas de S. Lázaro. E porquê o nome desta festividade? "Porque os pobres vinham pedir esmola no dia de S. Lázaro e o que as pessoas tinham para oferecer eram laranjas", revela o presidente da Obra de S. Lázaro, Isidro José Afonso.

Acolher viajantes

A oferta começou a crescer de tal forma que se transformou num comércio de citrinos. "Este ano, venderam-se cerca de três mil quilos de laranjas no mês que antecedeu o dia de S. Lázaro", conta o responsável.
Mas, a ermida de S. Lázaro nem sempre se apresentou com o mesmo aspecto que hoje tem. Segundo Isidro Afonso, "a capelinha estava rodeada por um estábulo, de um lado, e por silvas do outro". Só em 1968 os pais do presidente da Obra tomaram conta da capela e da festa. "Foi-se restaurando muito lentamente", lembra o responsável, que recorda também que as primeiras festas que se fizeram no local, “que rendiam cinco contos".
Isidro Afonso continuou o trabalho iniciada pelos progenitores e, há quatro anos, foi o fundador da Obra de S.Lázaro, que edificou na ermida uma Casa, onde são acolhidas as pessoas que passam por Bragança e não têm onde pernoitar. A infra-estrutura foi construída com algumas dificuldades, uma vez que, segundo refere Isidro Afonso, "o terreno foi comprado com muito sacrifício". Apesar das adversidades, a obra contou também com alguns benfeitores e o terreno que se situa em frente à capela foi oferecido pela antiga proprietária.

Mais obreiros

"Temos como finalidade conservar as estruturas para, a partir daí, podermos desenvolver a missão de obreiros de S. Lázaro, visitando os doentes, os pobres, os presos, os marginalizados", explica o obreiro. No Natal e na Páscoa, a missão consiste em visitar os presos, levando-lhe as lazarinas, o bolo rei e os folares. Muitas vezes, os membros da Obra deslocam-se também ao Hospital Distrital de Bragança para apoiar os doentes. "Não fazemos mais, porque tem havido dificuldades, precisávamos de mais obreiros", lamenta o responsável, que espera poder acolher mais pessoas para esta missão.
"S. Lázaro era o santo mais amigo de Jesus Cristo quando ele ressuscitou. Se estivesse cá, ampararia todas as pessoas e nós vamos por esse caminho", sublinha o presidente da Obra.
Mas, para o concretizar, continua a apoiar-se nas estruturas físicas, que "estão muito aquém daquilo que nós precisávamos". Para além da construção de um hangar, destinado à realização de eventos como a Festa do Pão, Isidro Afonso considera que o espaço deveria ser requalificado, uma vez que "este local é da cidade".



SHARE:

Incêndio atingiu três edifícios do centro histórico Ie desalojou 13 pessoas

Mais uma vez o Mirandês