É já no próximo ano, que os 43 habitantes do Ribeira de Pena, irão ficar sem casa devido à construção da barragem de Daviões, que começa a encher em junho de 2020. O processo de realojamento tem gerado alguns problemas, que começaram agora a ser solucionados.

Depois da empresa responsável pelo projeto que incorpora o Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), a Iberbrola colocou contentores que iriam servir de habitação provisórias para as famílias no concelho de Ribeira de Pena. Alguns habitantes não concordavam com esta solução, tendo o Presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, reunido com Agência Portuguesa do Ambiente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, a concessionária, e todos os municípios envolvidos nesta construção, terem encontrado a solução para as 52 famílias, sendo 43 no município de Ribeira de Pena, com o arrendamento de casas e deixando de parte os contentores. Em comunicado, a empresa afirma que, A Iberdrola compreende e está solidária com o desconforto que esta mudança de lar possa causar. As pessoas são, efetivamente, a prioridade máxima da Iberdrola. Dar todo o apoio necessário e assegurar um realojamento justo é o compromisso da Iberdrola. A medida 29 do Plano de Ação Socioeconómico da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) permite à Iberdrola garantir que todas as pessoas serão realojadas em habitações permanentes, que assegurem, pelo menos, a mesma qualidade das habitações expropriadas. Relativamente aos realojamentos provisórios, a Iberdrola vai proporcionar casas arrendadas às referidas famílias.”

Maria Glória Gonçalves de 70 anos e o marido Eurico Fernandes de 79 anos, diariamente pensam quando será o último dia que vão usufruir da sua habitação, onde moram há 40 anos. Foram muitos anos de esforço e sacrifício, para este casal construírem a sua habitação, “é uma situação muito triste, porque desta idade nunca pensei andar aos tombos como ando, passei muito sacrifício para ganhar para esta casa, pensei que ia só deixar no fim da minha vida, mas não”, afirma Maria Gonçalves.

Mesmo depois de ter recebido uma indeminização de 78 mil euros, Maria Gloria Gonçalves, refere que o valor atribuído é insuficiente para construir uma nova casa, “eu estou aqui porque o dinheiro que eles me deram não dava para comprar uma casa, nem fazer uma como a minha, é o motivo de eu aqui estar, com 78 mil euros não ia para lado algum”, recusou ser transferida para os contentores, e só sairá de sua casa quando for necessário.

Sem saber ao certo para onde vai residir, Maria Gloria Gonçalves, tem sido uma voz ativa na revindicação de uma habitação digna, “até hoje não sei para onde vou, tenho falado muito, porque se não falasse nada era feito e já estava nos contentores. Eu disse sempre que para os contentores que não ia, agora disseram que nos iam arranjar uma casa temporária para dois ou mais anos até conseguir fazer a minha, mas no dia 6 de janeiro vamos saber para onde é que vamos”, conta.

Num breve passeio pelas habitações, Eurico Fernandes aponta as grandes alterações que vão acontecer quando a água do rio Tâmega submergir as 43 habitações, existentes no concelho de Ribeira de Pena. “Adeus Ribeira de Baixo, ficará sempre no meu coração 1979-2019”, a frase inscrita numa casa, o antigo proprietário já alguns meses que deixou a habitação, “o dono deixou a casa depois de assinar o acordo e com a indeminização arranjou uma solução”, afirma Eurico Fernandes.

Não muito distante de Maria Gonçalves, Teresa Leite de 58 anos, continua a viver na sua casa à espera que seja emitida a ordem de saída definitiva, “gostava de passar aqui a minha vida, foi aqui que criei os meus filhos, sinto-me triste por deixar a minha casa, mas estou satisfeita porque já temos tudo resolvido, temos de agradecer ao nosso Presidente da  Câmara, João Noronha, que tem feito tudo por tudo para que nós tenhamos boas condições”, refere.

Com a mesma opinião dos restantes habitantes, Teresa Leite afirma que os contentores não era a solução mais correta, “ir para os contentores foi uma solução que nunca concordei, era uma casa pré-fabricada. Com a alternativa que houve estou muito satisfeita, vamos morar para casas ou apartamentos alugados pela Iberdrola”, conclui.

Fotografias: Bruno Taveira



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