Madeira transformada em brinquedos coloridos As cores fortes e os tons das melodias são a aposta de Luís Mourão para prender a atenção dos mais pequenos.
O artesão de Torre de Moncorvo transforma pedaços de pinho em brinquedos de diversas formas e feitios, dando continuidade a uma arte de família. “Este tipo de artesanato começou a ser feito pelo meu avô. Foi com ele que aprendi há cerca de 10 anos atrás”, recorda o artesão.
Aos 53 anos, Luís Mourão passa os dias na sua oficina, que construiu na vila, onde dá asas à imaginação para criar peças que cativem os mais pequenos.
No entanto, os avós, que fazem questão de oferecer um presente especial aos netos, são os principais clientes deste moncorvense. “Quando as crianças vêm com os avós levam sempre um brinquedo, que é recomendado pelos mais velhos, porque em tempos também já tiveram um assim”, conta Luís Mourão.
Nas feiras de artesanato em que tem participado, no Norte e Centro do País, este transmontano leva peças muito variadas, que têm em comum o facto de serem brinquedos tradicionais e, ao mesmo tempo, didácticos. “Gosto muito de comunicar com as crianças e de lhes ensinar como é que funcionam os meus artigos”, realça.
A matéria-prima são pedaços de madeira, que o artesão vai moldando conforme a inspiração. Depois das várias horas necessárias para transformar a madeira, Luís Mourão ainda tem pela frente a tarefa da pintura, para que os brinquedos sejam mais atractivos aos olhos dos mais pequenos e, até, dos pais. “Uso cores tipo ‘Benetton’, que são aquelas que as crianças mais gostam.
Se não pintasse as peças não eram vendáveis”, reconhece, acrescentando que os tempos mudaram e tem que se adaptar o produto àquilo que as pessoas procuram. Brinquedos tradicionais apresentam características pedagógicas para que as crianças aprendam a brincar
Nas diferentes etapas do seu trabalho, Luís Mourão não esquece a segurança dos mais novos. “São pintados com tinta de água, que é apropriada para as crianças meterem à boca”, sustenta. Matracas, cavalinhos, carrinhos de bombeiros ou xilofones.
Estes são alguns dos brinquedos que podemos encontrar na banca deste artesão, que também tem perícia para fazer jogos de paciência e outros objectos que ensinam a apertar um sapato ou a colocar um botão. “São recordações que as pessoas podem adquirir a preço baixo”, sublinha.
Além disso, Luís Mourão também dedica parte do seu tempo a conceber peças decorativas, como é o caso de quadros trabalhados em madeira e pintados a óleo. “Como são peças que já rondam os 20 euros, já são mais difíceis de vender”, lamenta.
Entre os brinquedos mais antigos, o artesão realça o jogo do arco, um entretenimento usado pelos mais velhos, que foi caindo em desuso. “Quem me pediu para fazer, pela primeira vez, um jogo daqueles foi um senhor de 80 anos.
Depois continuei a fazer e tem sido bastante procurado”, sublinha. O DTOM encontrou Luís Mourão na tradicional Feira do Artesanato de Bragança, onde o ruído e as cores dos seus brinquedos não passavam despercebidos a quem por ali passava.
“Estes são os brinquedos de antigamente”, comentava uma visitante, pegando num carrinho de madeira.