Pároco da aldeia diz que já ajudou muita gente a livrar-se do diabo e dos seus sequazes
As práticas de exorcismo fazem parte do dia-a-dia do padre Joaquim São Vicente.
Aos 90 anos, o pároco de Espinhoso (Vinhais) continua a dedicar parte do seu tempo a ajudar as pessoas que lhe batem à porta atormentadas com os problemas da vida.
Apesar de alguns casos até necessitarem de intervenção médica, o padre Joaquim aconselha sempre o sacramento dos doentes. “Por meio da Santa-Unção recebida com fé são perdoados e são aliviados na doença por intermédio de Deus, que até pode curar algumas”, afiança o sacerdote.
Problemas físicos ou morais, são variadas as causas que levam as pessoas a procurar o pároco de Espinhoso, que, muitas vezes, se vê obrigado a praticar exorcismo para espantar os chamados espíritos malignos. “O exorcismo é uma oração para quando as pessoas estão influenciadas pelo diabo e seus sequazes. É a oração da igreja a pedir a protecção de Deus e dos anjos bons para afugentar o mal”, acrescentou o padre Joaquim.
Entre as situações que já lhe bateram à porta, o sacerdote lembra o caso de uma mulher que lhe entrou em casa “possuída pelo demónio”. “ Tinha o crucifixo na parede, ela pulou ao ar e partiu-o aos bocados.
Havia pessoas a segurar nela, mas parecia que tinha força fora do vulgar. Depois, com a oração, lá ficou mais calma…”, recorda Joaquim São Vicente. Os “Escritos “ e as “pajelas” estão na origem das curas protagonizadas por Joaquim São Vicente No entender do pároco, o demónio quando vê a cruz revela-se logo e, nessa altura, só o sacramento pode dar mais saúde às pessoas que vivem atormentadas pelos espíritos malignos.
As vozes e barulhos estranhos também interferem na vida de algumas pessoas, que acabam por procurar as práticas do sacerdote para se livrarem dessas aflições. “Quando as pessoas ou as casas estão influenciadas pelos espíritos maus, faço a oração e vou lá a casa deitar água benta para melhorar a situação”, explica.
Joaquim São Vicente afirma que é procurado por gente das redondezas, em busca de protecção divina, mas realça que só com fé é que os problemas podem ser resolvidos. “Dou-lhes as «pajelas» e o «escrito» onde estão as orações que devem fazer em família. Aqui também fazemos a oração. Muitas vezes digo-lhes para rezarem comigo”, acrescenta.
Ligando sempre o exorcismo à oração da Igreja, Joaquim São Vicente conta que são muitos os casos “insólitos” que lhe surgem.
O telefone toca. Do outro lado, uma senhora queixa-se que os animais não comem e não é por doença. “Tenho que fazer uma oração por eles”, remata o sacerdote, convicto de que vai solucionar o problema.
As práticas de exorcismo são, no entender do pároco, orações feitas pela Igreja para afugentar o demónio Apesar de haver padres que não vêem estas práticas com bons olhos, Joaquim São Vicente não se incomoda. “Estão no direito deles”, afirma.
Além disso, salienta que as práticas de exorcismo dão muito trabalho e, até, sofrimento. “Houve uma pessoa que esmagou um crucifixo de que eu gostava muito. Agora tenho que o mandar compor”, justifica. Sem nunca ter sido proibido ou punido, o pároco de Espinhoso está mesmo autorizado pelo bispo de Bragança-Miranda a efectuar estas práticas. “Desde que sou padre que faço isto”, remata. A bênção é a cura que utiliza para a maioria dos males, pelo que não vê qualquer problema em ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas e a livrarem-se das maldades do demónio. “Já benzi carros, fornos, casas.
Depende dos casos. Às pessoas que vêm cá porque já tiveram muitos acidentes, digo-lhes sempre para terem mais prudência e para não se esquecerem da oração”, acrescenta. Os males que afectam a sociedade também são vistos com preocupação pelo sacerdote, que lamenta o facto das famílias viverem em guerra constante e cultivarem o ódio.