A música é vida para Cândida Sousa que aos 73 anos participa no projeto “Nove aldeias. Um povo”, uma iniciativa que visa a partilha de tradições, costumes e memórias do povo transmontano e combater o isolamento.

“A música para mim é vida. Faço parte de um grupo de cantares, gosto de cantar fado e isto é diferente, mas é muito bom”, afirmou Cândida Sousa, residente em Pedras Salgadas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar.

O projeto musical “Nove aldeias. Um povo”, dinamizado pela Banda Musical de Loivos, une 150 músicos e cantores de localidades dos concelhos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar com o objetivo de combater o isolamento e divulgar os costumes e tradições transmontanos.


O objetivo é divulgar a cultura de Trás-os-Montese unir as comunidades que residem nas freguesias de Loivos, Vidago, Vilar de Nantes e Oura, concelho de Chaves, e Bornes de Aguiar e Sabroso de Aguiar, já no município vizinho de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

Cândida juntou-se no ano passado à iniciativa e, na segunda edição que está a decorrer, garante que este “é um projeto muito bom, muito bonito”.

“Porque nós temos a oportunidade de confraternizar com tanta gente que nunca na vida pensei. Faz-se amizades e isso é muito bom”, realçou durante um ensaio que decorreu esta semana junto à capela de Vilar de Nantes, em Chaves.

Ali se juntaram os participantes para um dos ensaios gerais que antecedem a estreia, a 06 de setembro, do primeiro dos seis concertos previstos. Antes, o coro de cada freguesia fez ensaios individuais com a mesma música.

“A idade não conta. Eu pensei que não era capaz, porque são coisas muito diferentes, mas estou muito feliz e tem corrido muito bem. Dentro daquilo que a gente pode fazer eu faço com muito gosto”, referiu ainda Cândida Sousa.

Provavelmente se não fosse o projeto, João Almeida, 78 anos e natural de Loivos, Chaves, estaria a dormir no sofá nas noites de ensaios.

“E lá a gente não aprende nada. Aqui ganhamos uma certa dinâmica em todos os sentidos. É pena não ter acontecido há mais anos”, frisou.

Os participantes ganharam um novo incentivo para saírem de casa. “Ganham-se muitos conhecimentos porque há gente que eu não conhecia e atualmente estamos a ganhar uma certa amizade, com carinho e vontade de continuarmos”, realçou João Almeida.

O presidente da Banda Musical de Loivos, Pedro Batista, afirmou que a iniciativa “Nove aldeias. Um povo” une pessoas de todas as idades e que, este ano, uma das novidades é o coro infantil e os jogos tradicionais, como o da macaca ou o do berlinde, que se jogavam antigamente e que, agora, se pretende dar a descobrir aos mais jovens.

“Nalgumas peças vão ser jogados, em outras peças vão ser cantados (…). Juntamos crianças ao projetos para eles saberem o que se fazia antigamente e largarem os telemóveis e a 'PlayStation'”, acrescentou o responsável.

Inês Pinho, 10 anos, juntou-se este ano ao projeto e realçou o convívio e a partilha com as pessoas mais velhas que, assim, encontram mais um motivo para saírem de casa.

“Nós aqui aprendemos as músicas, ensaiamos e divertimo-nos”, referiu, acrescentando que algumas composições “têm a letra muito fixe”.

No total, o coro comunitário junta cerca de 100 pessoas e a banda conta com 50 músicos.

“Está a correr muito bem, as pessoas aderiram, a população arranjou momentos de lazer entre eles, conhecimentos de pessoas que não se conheciam de várias freguesias e hoje podemos afirmar que ‘Nove aldeias. Um povo’ é um sucesso”, salientou Pedro Batista.

O responsável disse que se pretende prolongar o projeto para lá dos dois anos inicialmente previstos.

“Vamos tentar fazer crescer o projeto para 2025 e 2026, altura em que a banda faz 200 anos”, salientou.

Nesta edição, vão ser apresentadas seis obras originais inspiradas nas tradições e raízes de cada uma das freguesias participantes e criadas por jovens compositores e compositores emergentes.

*** Paula Lima, da agência Lusa ***



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