Retrospectiva dos 33 Congressos de medicina popular em Vilar de Perdizes
(1983-2019)
No último meio século do segundo milénio a maior riqueza das Terras de Barroso eram as próprias pessoas. Até aí, os concelhos de Montalegre e de Boticas eram administrações regionais gémeas, incluindo freguesias de outras regiões administrativas, como: de Vieira do Minho, de Terras de Bouro e de Cabeceiras de Basto a sul e poente; assim como outras a nascente que, até à reforma de 1836, regressaram a Chaves, como o Couto de Ervededo.
Rogério Borralheiro, Manuel Carvalho Martins, João Gonçalves da Costa e Alípio Martins, entre outros, nas suas sucessivas monografias do noroeste Transmontano, sempre com base nas Memórias Paroquiais de 1758 e na obra de Pinho Leal, explicam, de forma tradicional, o status quo deste espaço geograficamente conhecido por zona do Alto Tâmega. Nos últimos anos, numa espécie de leilão para saldar os últimos trastes da «pubela», os cangalheiros criaram as comissões administrativas, segregando os pobres para que os mais afortunados possam escalonar-se na média democracia que separa a riqueza da pobreza. Com três classes sociais, no país esquartejado e indigente, os vampiros que nos conduziram à penúria descontrolada, deslumbrar-se-ão, do cimo das suas ambições em: poderosos, assessores e proletários. Eis o moderno capitalismo que Karl Marx idealizou para o terceiro milénio.
Verdadeiramente o noroeste Transmontano, que os políticos da revolução dos cravos esquartejaram como frango de aviário, ficou reduzido a presa destroçada. O Estado Novo explorou as pessoas que tiveram de fugir à fome e ao posto de trabalho da sobrevivência. Os primeiros, os segundos, os terceiros e os quartos que se seguiram na luta pelo poder, através da tirania, da opressão e das armas mais sofisticadas, procuram hoje esgueirar-se das suas terras de origem, galgando mares e fronteiras armadilhadas para que os «muitos donos disto tudo» satisfaçam os seus instintos satânicos.
Diz o ditado que «quem vê um povo, vê o mundo todo».
Portugal nasceu há 891 anos.
Foi chão de muitos povos e raças. Nasceu da Ibéria e por aqui se distribuiu e protegeu das feras e das tempestades. Ora em minas, ora em abrigos naturais ou construídos. Os cientistas ainda não esgotaram, em milhões de anos, os estudos que faltam para conhecerem inteiramente o planeta Terra. E, de insatisfeitos com o planeta que lhes foi posto à sua mercê, já chegaram à Lua e tentam Marte e outros pontos do sistema solar que as noites estreladas seduzem desde os astrólogos aos mais cépticos.
Desde o Rei Hermerico (409-411?) que escolheu Braga para operacionalizar a sua política de instalação, de povoamento e de organização social, no reino da Galécia, até 868, ano em que Vímara Peres afastou os muçulmanos e que foi designado líder do Condado Portucalense; até 1096, em que o Conde do Henrique recebeu e alargou esse Condado que Afonso Henriques, seu Filho, conquistou à Espanha e suas forças políticas, na «primeira tarde Portuguesa», na Batalha de S. Mamede, em 24 de Junho de 1128, o Povo Lusitano cumpriu o seu destino de País livre e independente.
Faltam nove anos para Portugal completar nove séculos de País soberano. Passou por muitas crises, muitas guerras, muitas aventuras. Deu muito a povos desde o Oriente ao Ocidente. Ainda hoje é respeitado como Nação livre e Independente.
Numa retrospectiva civilizacional os seus obreiros, em tantas guerras, directas e indirectas, souberam honrar o seu ideal Lusitano, como o demonstra a sua odisseia desde o Oriente ao Ocidente.
Portugal tem hoje figuras da primeira grandeza mundial em diversas instâncias internacionais. Mas quando já nada há para conquistar, o espaço físico é disputado por ideologias que, em vez de aproximar os seus filhos naturais, mais os afasta e os diferencia na distribuição dos direitos que pertencem a todos e na mesma proporção. Mas cada vez mais os diferencia, através de processos reprováveis, como: pelo amiguismo, pelo compadrio, pelo interesse que impõe regras, comete injustiças, tira a uns para dará outros, aquilo que a todos pertence na mesma proporção. O que se diz das pessoas aplica-se aos meios materiais.
Os méritos destas 33 edições populares permitem reprimir abusos
Os povos devem entender-se através de regras justas, oportunas e legítimas.
Concluiu-se que a melhor forma de aplicar essas regras é adoptar critérios universais, no espaço, no tempo e no modo. Esse conceito foi intuído pelos tempos fora.
As civilizações foram-se habituando a recuar aos povos greco-latinos, nomeadamente aos pensadores que leccionaram e passaram a escrito princípios que se transformam em axiomas ou verdades absolutas. Alguns desses cérebros chamaram-se Platão, Sócrates, Aristóteles. E, desde eles, vários outros aperfeiçoaram os métodos, os modos, as teorias e as práticas.
Ainda não se esgotaram os contributos do Planeta que nos foi destinado.
Cada ser humano é livre de pensar e de agir no sentido de adicionar ao muito que já se conhece, algo que possa acrescentar-se ao saber adquirido.
Os Congressos de Medicina Popular, em Vilar de Perdizes, não foram movimentos fortuitos. Deram para perceber que, para além do que o conhecimento humano já memorizou para benefício de todos, muito há ainda a catalogar e acrescer ao progresso da Humanidade.
Barroso da Fonte