Francisco Ribeiro, presidente da autarquia penaguiota, quer transformar o seu concelho num local aprazível e com as condições necessárias para permitir que os seus concidadãos tenham uma vida mais digna, como tanto merecem.
Há vinte e seis anos na vida política, o edil discorda da limitação de mandatos que, na sua opinião, deveria ser extensível a todos os poderes políticos
Lamego Hoje (LH) - Como avalia este seu último mandato?
Francisco Ribeiro (FR) - Faço uma avaliação muito franca e leal dizendo que o trabalho desenvolvido neste último mandato foi um trabalho, sem dúvida, muito positivo. Não podia ser de outra forma. Aliás, prometemos ao nosso eleitorado que a nossa função era servir permanentemente. Só assim foi possível levar por diante um conjunto de iniciativas importantes, e que estão bem presentes. Em primeiro lugar, ao serviço dos nossos munícipes, com quem temos a primeira responsabilidade, depois para todos aqueles que gentilmente nos proporcionam a sua visita. Queremos oferecer-lhes um concelho cada vez mais desenvolvido, respeitado e acolhedor.
LH- Quais são as obras mais emblemáticas destes últimos quatro anos?
FR- A importância das obras depende da análise daqueles a quem se destinam. Tenho referido muitas vezes, que há obras em que, se investem muitos milhares de euros, e nem sempre as pessoas dão o devido valor. Outras vezes, as obras mais pequenas sãs as que têm um valor incalculável para as populações. Seja como for, chegámos à conclusão que aquilo que fizemos era da inteira necessidade e foram do inteiro agrado das pessoas. Houve um incremento muito forte que se deu ao nível da terceira idade, no que concerne à ajuda na construção de equipamentos, como o caso do Centro Paroquial e Social de São Miguel, apoiámos fortemente obras no Lar S. Vicente, em São João de Lobrigos, e no Centro Social de Santa Eulália, na Cumieira. Estamos disponíveis, para quando formos solicitados fazermos o mesmo na Fundação Carneiro Mesquita e no Lar de Nossa Senhora de Fátima, de Sanhoane, que em breve vão entrar em obras. É da responsabilidade da Câmara e vontade de intervir na ajuda que essas associações fornecem. Estamos a apostar a todos os níveis na terceira idade para que Santa Marta seja um concelho bem servido em termos de equipamentos sociais, e que trata bem todos aqueles que, durante muitos anos o serviram, como são os nossos idosos. Depois continuar uma política encetada nos últimos anos, que nos levou a atingir taxas extremamente elevadas em termos de realização e eficiência relativamente à água, na qual atingimos 100 por cento e no saneamento onde já atingimos os 80 % da população servida.
Continuamos a prestar cuidados especiais nunca descurando a pavimentação da rede viária, um trabalho que é permanente. Estamos a desencadear uma série de acções que nos vão permitir dar uma nova dinâmica urbanística, nomeadamente através da construção de duas variantes na própria vila, referindo-me concretamente à variante de S. Miguel e à variante de Santa Comba, onde já temos projecto e que brevemente iremos fazer a escritura de alguns terrenos. São obras importantíssimas para um maior desenvolvimento da malha urbanística do centro da vila.
Estamos a abrir uma variante ao centro da vila, nos Encambalados, que vai permitir uma maior fluidez de tráfego. Temos ainda procedido a algumas requalificações urbanísticas dos espaços rurais, em parceria com as juntas de freguesias.
Procedemos no último ano à construção e recuperação de quatro miradouros, para que seja possível termos espaços mais dignos para apreciar as magníficas paisagens deste concelho, o mais belo da Região Demarcada do Douro. Apostamos fortemente na melhoria das instalações desportivas, não só das instituições existentes, mas levando a autarquia a cabo a construção de um Pavilhão Gimno-desportivo e polivalente desportivo. Passamos de um concelho que não tinha qualquer desses equipamentos para um concelho onde quase todas as freguesias têm um polivalente desportivo. Concluímos também o campo de treinos no Complexo Desportivo Municipal.
LH - A nível cultural a autarquia também apostou forte...
FR - De salientar, neste mandato a construção do Auditório Municipal, que provavelmente foi a grande obra emblemática deste concelho. Mantivemos uma dinâmica muito grande em termos culturais. Hoje, o auditório tem uma vida extraordinária. Os espectáculos de qualidade, que a Câmara tem feito questão de trazer para a vila, colóquios e reuniões, concertos, cinema mostram que é uma casa que tem respondido às expectativas dos munícipes e aos seus legítimos interesses, já que somos um concelho culturalmente rico. Anteriormente tínhamos alguma tristeza e criava-nos algum embaraço em não possuirmos uma sala na vila, com as mínimas condições, para a realização de eventos culturais. Os eventos de então eram realizados no refeitório da Escola EB 2,3. É por isso um orgulho para todos nós a existência deste magnífico equipamento.
LH- A habitação social também foi uma das prioridades deste último mandato...
FR- Estamos a pensar seriamente em prosseguir com este projecto. Não posso ficar descansado enquanto existirem pessoas a viverem em precárias condições, famílias a pagarem rendas extremamente caras, em casas sem a mínima dignidade. Já encomendei o projecto para a construção de mais 18 fogos que se localizará nas Quintas das Canas.
LH – A requalificação da zona escolar também é fundamental...
FR – A Escola EB1 não tem condições e necessita de mais espaços para criar novas valências e melhores condições aos seus alunos. São necessários espaços de lazer, cantinas, salas de convívio e pré-primária. Ainda este ano vamos colocar a concurso o pavilhão gimno-desportivo. Com a autorização da DREN vamos deitar abaixo o actual, porque já não tem as mínimas condições. Será um pavilhão de qualidade que servirá não só a comunidade escolar como a população em geral.
LH – A zona oficinal de Santa Marta de Penaguião é um dos maiores sonhos...
FR- É um processo complicado a Zona Oficinal de Santa Marta de Penaguião. Neste momento estou numa fase terminal, de um processo que tem avançado muito lentamente. O Plano de Pormenor já tem o parecer favorável das entidades competentes, e que espero ver aprovado até ao final do ano, para que assim avancem as obras. Infelizmente esta nossa pretensão arrasta-se há vários anos. É das iniciativas que mais me tem preocupado.
No final teremos 18 lotes, tendo em conta que nunca foi nossa intenção fazer uma zona industrial, visto que o nosso concelho é agrícola, por natureza, e este sempre será o seu futuro. Esta foi uma forma de disciplinar e concentrar as pequenas oficinas, num espaço com dignidade. É também um anseio dos empresários.
Lamento apenas a atitude da oposição, que sempre apoiou esta iniciativa, mas que agora coloca objecções em pequenos pormenores desta obra, nomeadamente a sua localização. Enquanto for presidente o local não vai ser alterado, porque foi este o inicialmente definido e aprovado pelos órgãos municipais, sem oposição da população.
LH- Este é um concelho essencialmente vinhateiro. Entristece-o ver os agricultores com muitos problemas, uma situação que tanto confrange os seus munícipes...
FR- A parte mais negativa é sabermos que vivemos num concelho bonito e com um conjunto de obras que dignificam a vida das pessoas, mas que poderia torná-los mais felizes, se a nossa agricultura fosse mais rentável. Infelizmente, os nossos agricultores dependem do vinho, e este não têm sido devidamente reconhecido e valorizado.
Por um lado, os agricultores fazem o essencial para manter viva a esperança nesta actividade, mas ao fazê-lo não dão tanto trabalho e por isso as pessoas ganham menos. A Câmara não tem podido fazer muito, mas temos colaborado na reabilitação de caminhos agrícolas. É uma política que vamos continuar arduamente nos próximos mandatos.
Actualmente temos uma parceria com as Caves de Santa Marta e uma agência de turismo, de forma a que os operadores turísticos possam trazer os seus clientes para visitar esse local. Visitar as Caves é visitar a maior Adega do Douro da qual depende a grande parte da sustentabilidade dos nossos agricultores. Ao melhorar aquela casa, é contribuir para aumentar os rendimentos dos nossos agricultores. Espero que esta iniciativa, traga a médio prazo resultados interessantes, já que os visitantes vão divulgar pela positiva os nossos vinhos, e dai possam trazer mais-valias para a vila.
LH- A aposta de desenvolvimento é feita quer para o meio rural como urbano...
FR- Hoje, felizmente, não temos nenhuma aldeia que envergonhe os seus moradores. Não temos duas políticas pois queremos um concelho equilibrado em termos de necessidades básicas. Isto dá-nos muita alegria.
LH- A desertificação é um problema que também afecta o seu concelho..
FR- Penso que qualquer autarca vê com muita apreensão e pena a partida dos seus concidadãos que precisam sair da sua terra para governar a vida. É evidente que o Interior, devido às sucessivas políticas de diferentes governos, não tem sido tratado com a dignidade que merece. Normalmente as políticas de desenvolvimento são feitas onde existem muito aglomerados populacionais, e os governos apostam mais no Litoral. É claro que o Interior tem sido muito desprezado e só recebe quando o Litoral não precisa.
Não se compreende esta fuga, se cada vez temos as necessidades básicas colmatadas e as pessoas são forçadas a partir. É com pena que se façam estruturas e não haja gente para gozá-las. Vamos tentando por um lado, tornar mais atraente as terras e por outro ter fé e esperança que a vida económica desta terra melhore. O Douro está a viver uma crise sem precedentes. Esta região já foi apetecível, mas neste momento, a crise grassa por toda a região.
Espero que haja esforços da parte das estruturas competentes para resolver os problemas ligados ao vinho, desde a Casa do Douro, Adegas Cooperativas e até mesmo o Governo que se apliquem mais nesta área e prestem uma atenção redobrada deste sector do qual dependem muitos milhares de portugueses.
LH – A Comunidade Urbana do Douro está em standby. Era de facto a divisão administrativa mais indicada para a Região.
FR – Sinceramente nunca acreditei nesta reforma administrativa promovida pelo Governo do PSD. Penso que foi mais uma maneira de entreter os autarcas e o povo, para fugir à Regionalização. Nunca vi com muito agrado este tipo de comunidade. Obviamente que a opção tomada por este município foi feita com toda a clarividência. Optámos sem hesitação pela Comunidade Urbana do Douro, mas na prática as Comunidades Urbanas não foram uma grande opção. Espero que este governo, a curto prazo, e os principais partidos, tenham a coragem de instituir a Regionalização.
Caso a aposta tivesse ido para a Regionalização a nossa região teria beneficiado muito mais dos Fundos Comunitários. Se não vejamos: quando esses Fundos vêm para o nosso país, são divididos de uma forma injusta. O Litoral, onde há mais poder político e demográfico, sai sempre beneficiado. Na minha opinião, quando são feitas as candidaturas e depois aprovadas, seria necessário ter em conta que Trás-os-Montes e Alto Douro é uma zona deprimida e que precisa, mais do que nunca, da solidariedade e dos meios financeiros para se desenvolver.
LH- Como está Santa Marta a enfrentar o problema de seca extrema e consequente falta de água?
FR- Felizmente com o gigantesco investimento que o município fez com a construção da Barragem e Estação de Tratamento do Sordo, em parceria com a Câmara de Vila Real, temos a questão de falta de água resolvida, a médio prazo. No passado, era dramático como as populações passavam dias inteiros sem água e sem puderem encher um simples caneco.
Até ao momento, ainda não houve cortes e continuamos a oferecer aos nossos munícipes água de qualidade e quantidade suficiente para as necessidades básicas.
Todavia é necessário termos em atenção que a água é um bem esgostável. Os cidadãos precisam de ter consciência que devemos preservar este bem tão precioso e fundamental. Oxalá que dentro de dois ou três anos a situação não persista. Caso contrário poderemos viver um drama nacional.
LH- Quais as principais características que um autarca deverá possuir?
FR – Só o povo poderá avaliar quais são as características de um bom presidente de Câmara. Sou suspeito para falar. Sou um homem que aceitou o desafio para fazer algo pela terra que me viu nascer. Entendo que deveria dar ao meu concelho um pouco da minha vida, em prol do seu desenvolvimento. Tenho verificado que a maioria da população se tem revisto no meu estilo e forma de ser, e que genericamente, está satisfeita com o meu trabalho.
O maior tributo que os meus concidadãos podem dar é o carinho, amizade e confiança, que me têm dispensado para continuar a liderar os destinos deste maravilhoso concelho.
LH- Pelas suas palavras deduzo que está confiante num bom resultado nas eleições de Outubro?
FR- Sim, estou confiante. Assumo este próximo acto eleitoral com confiança e avancei sem pressões, quer pessoais ou partidárias. Não concebo a política com pressões de qualquer ordem. Temos que aceitar os desafios que a vida nos coloca com prazer e vontade interior de servir. Tenho a consciência que poderia sair da política quando quisesse, com alguma estabilidade política de momento, mas entendo que aquilo que o concelho me deu, a forma como as pessoas me têm tratado fez-me aceitar e renovar este desafio. Quando eu sentir que não tenho condições para estar neste cargo, serei o primeiro a abandoná-lo, pois nunca exercerei uma função devido a qualquer tipo de pressões, e nunca me tornarei uma peça a mais e inútil no progresso da minha terra.
Mantenho a confiança no trabalho das pessoas que me acompanham e apoiam para manter este concelho na senda do desenvolvimento.
LH- Concorda com a limitação dos mandatos dos autarcas?
FR- Ponho algumas dúvidas neste tipo de limitação. Concordaria se este pressuposto fosse alargado a todas as pessoas que exercem funções de poder político neste país, desde deputados, primeiro-ministro e governos regionais. Não faz sentido apenas serem os autarcas visados neste projecto-lei, porque dá a sensação que somos os ‘maus da fita’. Apesar de existirem excepções, com autarcas a não merecerem ostentar esse nome, deve-se ao poder local o melhor que se fez pelos cidadãos das nossas aldeias, cidades e vilas do nosso Portugal, após o 25 de Abril.
LH- Uma palavra de incentivo para os emigrantes do seu concelho que pretendam regressar.
FR- Também devemos aos nossos emigrantes uma parte do desenvolvimento do nosso concelho. Recordo que, aqueles que, infelizmente, são forçados a abandonar as suas terras para governar a vida, quando regressam apostam na construção da sua casa e investem em diversos negócios. Mas, é com tristeza que vejo partir os meus concidadãos, já que é um pouco da nossa alma e território que também partem.
Espero que um dia possam regressar definitivamente e assim puderem usufruir das obras, que temos construído, quer para eles, quer para os residentes.
LH – Uma palavra de esperança para aqueles que vivem em Santa Marta de Penaguião.
FR- Quem me conhece sabe da minha dedicação incondicional ao meu concelho. Tenho feito o melhor de mim, pensando sempre na minha terra e nas minhas gentes. Estou há vinte anos e seis na vida política activa e é com satisfação e muito orgulho que presido à Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião.
Não há palavras para explicar o que sinto ao ter a possibilidade de fazer algo pelo meu povo.
Todos sabem que não sou hipócrita. Sou uma pessoa um pouco irreverente e muitas vezes não compreendido.
Acreditem que não vou mudar a minha forma de ser, e com este meu estilo de governação autárquica e aproveitando o meu profundo conhecimento do concelho, tudo farei para minimizar as suas carências e dignificar, cada vez mais, as suas gentes. Santa Marta merece. “Por isso, juntos vamos continuar”.
Lamego Hoje (LH) - Como avalia este seu último mandato?
Francisco Ribeiro (FR) - Faço uma avaliação muito franca e leal dizendo que o trabalho desenvolvido neste último mandato foi um trabalho, sem dúvida, muito positivo. Não podia ser de outra forma. Aliás, prometemos ao nosso eleitorado que a nossa função era servir permanentemente. Só assim foi possível levar por diante um conjunto de iniciativas importantes, e que estão bem presentes. Em primeiro lugar, ao serviço dos nossos munícipes, com quem temos a primeira responsabilidade, depois para todos aqueles que gentilmente nos proporcionam a sua visita. Queremos oferecer-lhes um concelho cada vez mais desenvolvido, respeitado e acolhedor.
LH- Quais são as obras mais emblemáticas destes últimos quatro anos?
FR- A importância das obras depende da análise daqueles a quem se destinam. Tenho referido muitas vezes, que há obras em que, se investem muitos milhares de euros, e nem sempre as pessoas dão o devido valor. Outras vezes, as obras mais pequenas sãs as que têm um valor incalculável para as populações. Seja como for, chegámos à conclusão que aquilo que fizemos era da inteira necessidade e foram do inteiro agrado das pessoas. Houve um incremento muito forte que se deu ao nível da terceira idade, no que concerne à ajuda na construção de equipamentos, como o caso do Centro Paroquial e Social de São Miguel, apoiámos fortemente obras no Lar S. Vicente, em São João de Lobrigos, e no Centro Social de Santa Eulália, na Cumieira. Estamos disponíveis, para quando formos solicitados fazermos o mesmo na Fundação Carneiro Mesquita e no Lar de Nossa Senhora de Fátima, de Sanhoane, que em breve vão entrar em obras. É da responsabilidade da Câmara e vontade de intervir na ajuda que essas associações fornecem. Estamos a apostar a todos os níveis na terceira idade para que Santa Marta seja um concelho bem servido em termos de equipamentos sociais, e que trata bem todos aqueles que, durante muitos anos o serviram, como são os nossos idosos. Depois continuar uma política encetada nos últimos anos, que nos levou a atingir taxas extremamente elevadas em termos de realização e eficiência relativamente à água, na qual atingimos 100 por cento e no saneamento onde já atingimos os 80 % da população servida.
Continuamos a prestar cuidados especiais nunca descurando a pavimentação da rede viária, um trabalho que é permanente. Estamos a desencadear uma série de acções que nos vão permitir dar uma nova dinâmica urbanística, nomeadamente através da construção de duas variantes na própria vila, referindo-me concretamente à variante de S. Miguel e à variante de Santa Comba, onde já temos projecto e que brevemente iremos fazer a escritura de alguns terrenos. São obras importantíssimas para um maior desenvolvimento da malha urbanística do centro da vila.
Estamos a abrir uma variante ao centro da vila, nos Encambalados, que vai permitir uma maior fluidez de tráfego. Temos ainda procedido a algumas requalificações urbanísticas dos espaços rurais, em parceria com as juntas de freguesias.
Procedemos no último ano à construção e recuperação de quatro miradouros, para que seja possível termos espaços mais dignos para apreciar as magníficas paisagens deste concelho, o mais belo da Região Demarcada do Douro. Apostamos fortemente na melhoria das instalações desportivas, não só das instituições existentes, mas levando a autarquia a cabo a construção de um Pavilhão Gimno-desportivo e polivalente desportivo. Passamos de um concelho que não tinha qualquer desses equipamentos para um concelho onde quase todas as freguesias têm um polivalente desportivo. Concluímos também o campo de treinos no Complexo Desportivo Municipal.
LH - A nível cultural a autarquia também apostou forte...
FR - De salientar, neste mandato a construção do Auditório Municipal, que provavelmente foi a grande obra emblemática deste concelho. Mantivemos uma dinâmica muito grande em termos culturais. Hoje, o auditório tem uma vida extraordinária. Os espectáculos de qualidade, que a Câmara tem feito questão de trazer para a vila, colóquios e reuniões, concertos, cinema mostram que é uma casa que tem respondido às expectativas dos munícipes e aos seus legítimos interesses, já que somos um concelho culturalmente rico. Anteriormente tínhamos alguma tristeza e criava-nos algum embaraço em não possuirmos uma sala na vila, com as mínimas condições, para a realização de eventos culturais. Os eventos de então eram realizados no refeitório da Escola EB 2,3. É por isso um orgulho para todos nós a existência deste magnífico equipamento.
LH- A habitação social também foi uma das prioridades deste último mandato...
FR- Estamos a pensar seriamente em prosseguir com este projecto. Não posso ficar descansado enquanto existirem pessoas a viverem em precárias condições, famílias a pagarem rendas extremamente caras, em casas sem a mínima dignidade. Já encomendei o projecto para a construção de mais 18 fogos que se localizará nas Quintas das Canas.
LH – A requalificação da zona escolar também é fundamental...
FR – A Escola EB1 não tem condições e necessita de mais espaços para criar novas valências e melhores condições aos seus alunos. São necessários espaços de lazer, cantinas, salas de convívio e pré-primária. Ainda este ano vamos colocar a concurso o pavilhão gimno-desportivo. Com a autorização da DREN vamos deitar abaixo o actual, porque já não tem as mínimas condições. Será um pavilhão de qualidade que servirá não só a comunidade escolar como a população em geral.
LH – A zona oficinal de Santa Marta de Penaguião é um dos maiores sonhos...
FR- É um processo complicado a Zona Oficinal de Santa Marta de Penaguião. Neste momento estou numa fase terminal, de um processo que tem avançado muito lentamente. O Plano de Pormenor já tem o parecer favorável das entidades competentes, e que espero ver aprovado até ao final do ano, para que assim avancem as obras. Infelizmente esta nossa pretensão arrasta-se há vários anos. É das iniciativas que mais me tem preocupado.
No final teremos 18 lotes, tendo em conta que nunca foi nossa intenção fazer uma zona industrial, visto que o nosso concelho é agrícola, por natureza, e este sempre será o seu futuro. Esta foi uma forma de disciplinar e concentrar as pequenas oficinas, num espaço com dignidade. É também um anseio dos empresários.
Lamento apenas a atitude da oposição, que sempre apoiou esta iniciativa, mas que agora coloca objecções em pequenos pormenores desta obra, nomeadamente a sua localização. Enquanto for presidente o local não vai ser alterado, porque foi este o inicialmente definido e aprovado pelos órgãos municipais, sem oposição da população.
LH- Este é um concelho essencialmente vinhateiro. Entristece-o ver os agricultores com muitos problemas, uma situação que tanto confrange os seus munícipes...
FR- A parte mais negativa é sabermos que vivemos num concelho bonito e com um conjunto de obras que dignificam a vida das pessoas, mas que poderia torná-los mais felizes, se a nossa agricultura fosse mais rentável. Infelizmente, os nossos agricultores dependem do vinho, e este não têm sido devidamente reconhecido e valorizado.
Por um lado, os agricultores fazem o essencial para manter viva a esperança nesta actividade, mas ao fazê-lo não dão tanto trabalho e por isso as pessoas ganham menos. A Câmara não tem podido fazer muito, mas temos colaborado na reabilitação de caminhos agrícolas. É uma política que vamos continuar arduamente nos próximos mandatos.
Actualmente temos uma parceria com as Caves de Santa Marta e uma agência de turismo, de forma a que os operadores turísticos possam trazer os seus clientes para visitar esse local. Visitar as Caves é visitar a maior Adega do Douro da qual depende a grande parte da sustentabilidade dos nossos agricultores. Ao melhorar aquela casa, é contribuir para aumentar os rendimentos dos nossos agricultores. Espero que esta iniciativa, traga a médio prazo resultados interessantes, já que os visitantes vão divulgar pela positiva os nossos vinhos, e dai possam trazer mais-valias para a vila.
LH- A aposta de desenvolvimento é feita quer para o meio rural como urbano...
FR- Hoje, felizmente, não temos nenhuma aldeia que envergonhe os seus moradores. Não temos duas políticas pois queremos um concelho equilibrado em termos de necessidades básicas. Isto dá-nos muita alegria.
LH- A desertificação é um problema que também afecta o seu concelho..
FR- Penso que qualquer autarca vê com muita apreensão e pena a partida dos seus concidadãos que precisam sair da sua terra para governar a vida. É evidente que o Interior, devido às sucessivas políticas de diferentes governos, não tem sido tratado com a dignidade que merece. Normalmente as políticas de desenvolvimento são feitas onde existem muito aglomerados populacionais, e os governos apostam mais no Litoral. É claro que o Interior tem sido muito desprezado e só recebe quando o Litoral não precisa.
Não se compreende esta fuga, se cada vez temos as necessidades básicas colmatadas e as pessoas são forçadas a partir. É com pena que se façam estruturas e não haja gente para gozá-las. Vamos tentando por um lado, tornar mais atraente as terras e por outro ter fé e esperança que a vida económica desta terra melhore. O Douro está a viver uma crise sem precedentes. Esta região já foi apetecível, mas neste momento, a crise grassa por toda a região.
Espero que haja esforços da parte das estruturas competentes para resolver os problemas ligados ao vinho, desde a Casa do Douro, Adegas Cooperativas e até mesmo o Governo que se apliquem mais nesta área e prestem uma atenção redobrada deste sector do qual dependem muitos milhares de portugueses.
LH – A Comunidade Urbana do Douro está em standby. Era de facto a divisão administrativa mais indicada para a Região.
FR – Sinceramente nunca acreditei nesta reforma administrativa promovida pelo Governo do PSD. Penso que foi mais uma maneira de entreter os autarcas e o povo, para fugir à Regionalização. Nunca vi com muito agrado este tipo de comunidade. Obviamente que a opção tomada por este município foi feita com toda a clarividência. Optámos sem hesitação pela Comunidade Urbana do Douro, mas na prática as Comunidades Urbanas não foram uma grande opção. Espero que este governo, a curto prazo, e os principais partidos, tenham a coragem de instituir a Regionalização.
Caso a aposta tivesse ido para a Regionalização a nossa região teria beneficiado muito mais dos Fundos Comunitários. Se não vejamos: quando esses Fundos vêm para o nosso país, são divididos de uma forma injusta. O Litoral, onde há mais poder político e demográfico, sai sempre beneficiado. Na minha opinião, quando são feitas as candidaturas e depois aprovadas, seria necessário ter em conta que Trás-os-Montes e Alto Douro é uma zona deprimida e que precisa, mais do que nunca, da solidariedade e dos meios financeiros para se desenvolver.
LH- Como está Santa Marta a enfrentar o problema de seca extrema e consequente falta de água?
FR- Felizmente com o gigantesco investimento que o município fez com a construção da Barragem e Estação de Tratamento do Sordo, em parceria com a Câmara de Vila Real, temos a questão de falta de água resolvida, a médio prazo. No passado, era dramático como as populações passavam dias inteiros sem água e sem puderem encher um simples caneco.
Até ao momento, ainda não houve cortes e continuamos a oferecer aos nossos munícipes água de qualidade e quantidade suficiente para as necessidades básicas.
Todavia é necessário termos em atenção que a água é um bem esgostável. Os cidadãos precisam de ter consciência que devemos preservar este bem tão precioso e fundamental. Oxalá que dentro de dois ou três anos a situação não persista. Caso contrário poderemos viver um drama nacional.
LH- Quais as principais características que um autarca deverá possuir?
FR – Só o povo poderá avaliar quais são as características de um bom presidente de Câmara. Sou suspeito para falar. Sou um homem que aceitou o desafio para fazer algo pela terra que me viu nascer. Entendo que deveria dar ao meu concelho um pouco da minha vida, em prol do seu desenvolvimento. Tenho verificado que a maioria da população se tem revisto no meu estilo e forma de ser, e que genericamente, está satisfeita com o meu trabalho.
O maior tributo que os meus concidadãos podem dar é o carinho, amizade e confiança, que me têm dispensado para continuar a liderar os destinos deste maravilhoso concelho.
LH- Pelas suas palavras deduzo que está confiante num bom resultado nas eleições de Outubro?
FR- Sim, estou confiante. Assumo este próximo acto eleitoral com confiança e avancei sem pressões, quer pessoais ou partidárias. Não concebo a política com pressões de qualquer ordem. Temos que aceitar os desafios que a vida nos coloca com prazer e vontade interior de servir. Tenho a consciência que poderia sair da política quando quisesse, com alguma estabilidade política de momento, mas entendo que aquilo que o concelho me deu, a forma como as pessoas me têm tratado fez-me aceitar e renovar este desafio. Quando eu sentir que não tenho condições para estar neste cargo, serei o primeiro a abandoná-lo, pois nunca exercerei uma função devido a qualquer tipo de pressões, e nunca me tornarei uma peça a mais e inútil no progresso da minha terra.
Mantenho a confiança no trabalho das pessoas que me acompanham e apoiam para manter este concelho na senda do desenvolvimento.
LH- Concorda com a limitação dos mandatos dos autarcas?
FR- Ponho algumas dúvidas neste tipo de limitação. Concordaria se este pressuposto fosse alargado a todas as pessoas que exercem funções de poder político neste país, desde deputados, primeiro-ministro e governos regionais. Não faz sentido apenas serem os autarcas visados neste projecto-lei, porque dá a sensação que somos os ‘maus da fita’. Apesar de existirem excepções, com autarcas a não merecerem ostentar esse nome, deve-se ao poder local o melhor que se fez pelos cidadãos das nossas aldeias, cidades e vilas do nosso Portugal, após o 25 de Abril.
LH- Uma palavra de incentivo para os emigrantes do seu concelho que pretendam regressar.
FR- Também devemos aos nossos emigrantes uma parte do desenvolvimento do nosso concelho. Recordo que, aqueles que, infelizmente, são forçados a abandonar as suas terras para governar a vida, quando regressam apostam na construção da sua casa e investem em diversos negócios. Mas, é com tristeza que vejo partir os meus concidadãos, já que é um pouco da nossa alma e território que também partem.
Espero que um dia possam regressar definitivamente e assim puderem usufruir das obras, que temos construído, quer para eles, quer para os residentes.
LH – Uma palavra de esperança para aqueles que vivem em Santa Marta de Penaguião.
FR- Quem me conhece sabe da minha dedicação incondicional ao meu concelho. Tenho feito o melhor de mim, pensando sempre na minha terra e nas minhas gentes. Estou há vinte anos e seis na vida política activa e é com satisfação e muito orgulho que presido à Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião.
Não há palavras para explicar o que sinto ao ter a possibilidade de fazer algo pelo meu povo.
Todos sabem que não sou hipócrita. Sou uma pessoa um pouco irreverente e muitas vezes não compreendido.
Acreditem que não vou mudar a minha forma de ser, e com este meu estilo de governação autárquica e aproveitando o meu profundo conhecimento do concelho, tudo farei para minimizar as suas carências e dignificar, cada vez mais, as suas gentes. Santa Marta merece. “Por isso, juntos vamos continuar”.
Lamego Hoje (LH) - Como avalia este seu último mandato?
Francisco Ribeiro (FR) - Faço uma avaliação muito franca e leal dizendo que o trabalho desenvolvido neste último mandato foi um trabalho, sem dúvida, muito positivo. Não podia ser de outra forma. Aliás, prometemos ao nosso eleitorado que a nossa função era servir permanentemente. Só assim foi possível levar por diante um conjunto de iniciativas importantes, e que estão bem presentes. Em primeiro lugar, ao serviço dos nossos munícipes, com quem temos a primeira responsabilidade, depois para todos aqueles que gentilmente nos proporcionam a sua visita. Queremos oferecer-lhes um concelho cada vez mais desenvolvido, respeitado e acolhedor.
LH- Quais são as obras mais emblemáticas destes últimos quatro anos?
FR- A importância das obras depende da análise daqueles a quem se destinam. Tenho referido muitas vezes, que há obras em que, se investem muitos milhares de euros, e nem sempre as pessoas dão o devido valor. Outras vezes, as obras mais pequenas sãs as que têm um valor incalculável para as populações. Seja como for, chegámos à conclusão que aquilo que fizemos era da inteira necessidade e foram do inteiro agrado das pessoas. Houve um incremento muito forte que se deu ao nível da terceira idade, no que concerne à ajuda na construção de equipamentos, como o caso do Centro Paroquial e Social de São Miguel, apoiámos fortemente obras no Lar S. Vicente, em São João de Lobrigos, e no Centro Social de Santa Eulália, na Cumieira. Estamos disponíveis, para quando formos solicitados fazermos o mesmo na Fundação Carneiro Mesquita e no Lar de Nossa Senhora de Fátima, de Sanhoane, que em breve vão entrar em obras. É da responsabilidade da Câmara e vontade de intervir na ajuda que essas associações fornecem. Estamos a apostar a todos os níveis na terceira idade para que Santa Marta seja um concelho bem servido em termos de equipamentos sociais, e que trata bem todos aqueles que, durante muitos anos o serviram, como são os nossos idosos. Depois continuar uma política encetada nos últimos anos, que nos levou a atingir taxas extremamente elevadas em termos de realização e eficiência relativamente à água, na qual atingimos 100 por cento e no saneamento onde já atingimos os 80 % da população servida.
Continuamos a prestar cuidados especiais nunca descurando a pavimentação da rede viária, um trabalho que é permanente. Estamos a desencadear uma série de acções que nos vão permitir dar uma nova dinâmica urbanística, nomeadamente através da construção de duas variantes na própria vila, referindo-me concretamente à variante de S. Miguel e à variante de Santa Comba, onde já temos projecto e que brevemente iremos fazer a escritura de alguns terrenos. São obras importantíssimas para um maior desenvolvimento da malha urbanística do centro da vila.
Estamos a abrir uma variante ao centro da vila, nos Encambalados, que vai permitir uma maior fluidez de tráfego. Temos ainda procedido a algumas requalificações urbanísticas dos espaços rurais, em parceria com as juntas de freguesias.
Procedemos no último ano à construção e recuperação de quatro miradouros, para que seja possível termos espaços mais dignos para apreciar as magníficas paisagens deste concelho, o mais belo da Região Demarcada do Douro. Apostamos fortemente na melhoria das instalações desportivas, não só das instituições existentes, mas levando a autarquia a cabo a construção de um Pavilhão Gimno-desportivo e polivalente desportivo. Passamos de um concelho que não tinha qualquer desses equipamentos para um concelho onde quase todas as freguesias têm um polivalente desportivo. Concluímos também o campo de treinos no Complexo Desportivo Municipal.
LH - A nível cultural a autarquia também apostou forte...
FR - De salientar, neste mandato a construção do Auditório Municipal, que provavelmente foi a grande obra emblemática deste concelho. Mantivemos uma dinâmica muito grande em termos culturais. Hoje, o auditório tem uma vida extraordinária. Os espectáculos de qualidade, que a Câmara tem feito questão de trazer para a vila, colóquios e reuniões, concertos, cinema mostram que é uma casa que tem respondido às expectativas dos munícipes e aos seus legítimos interesses, já que somos um concelho culturalmente rico. Anteriormente tínhamos alguma tristeza e criava-nos algum embaraço em não possuirmos uma sala na vila, com as mínimas condições, para a realização de eventos culturais. Os eventos de então eram realizados no refeitório da Escola EB 2,3. É por isso um orgulho para todos nós a existência deste magnífico equipamento.
LH- A habitação social também foi uma das prioridades deste último mandato...
FR- Estamos a pensar seriamente em prosseguir com este projecto. Não posso ficar descansado enquanto existirem pessoas a viverem em precárias condições, famílias a pagarem rendas extremamente caras, em casas sem a mínima dignidade. Já encomendei o projecto para a construção de mais 18 fogos que se localizará nas Quintas das Canas.
LH – A requalificação da zona escolar também é fundamental...
FR – A Escola EB1 não tem condições e necessita de mais espaços para criar novas valências e melhores condições aos seus alunos. São necessários espaços de lazer, cantinas, salas de convívio e pré-primária. Ainda este ano vamos colocar a concurso o pavilhão gimno-desportivo. Com a autorização da DREN vamos deitar abaixo o actual, porque já não tem as mínimas condições. Será um pavilhão de qualidade que servirá não só a comunidade escolar como a população em geral.
LH – A zona oficinal de Santa Marta de Penaguião é um dos maiores sonhos...
FR- É um processo complicado a Zona Oficinal de Santa Marta de Penaguião. Neste momento estou numa fase terminal, de um processo que tem avançado muito lentamente. O Plano de Pormenor já tem o parecer favorável das entidades competentes, e que espero ver aprovado até ao final do ano, para que assim avancem as obras. Infelizmente esta nossa pretensão arrasta-se há vários anos. É das iniciativas que mais me tem preocupado.
No final teremos 18 lotes, tendo em conta que nunca foi nossa intenção fazer uma zona industrial, visto que o nosso concelho é agrícola, por natureza, e este sempre será o seu futuro. Esta foi uma forma de disciplinar e concentrar as pequenas oficinas, num espaço com dignidade. É também um anseio dos empresários.
Lamento apenas a atitude da oposição, que sempre apoiou esta iniciativa, mas que agora coloca objecções em pequenos pormenores desta obra, nomeadamente a sua localização. Enquanto for presidente o local não vai ser alterado, porque foi este o inicialmente definido e aprovado pelos órgãos municipais, sem oposição da população.
LH- Este é um concelho essencialmente vinhateiro. Entristece-o ver os agricultores com muitos problemas, uma situação que tanto confrange os seus munícipes...
FR- A parte mais negativa é sabermos que vivemos num concelho bonito e com um conjunto de obras que dignificam a vida das pessoas, mas que poderia torná-los mais felizes, se a nossa agricultura fosse mais rentável. Infelizmente, os nossos agricultores dependem do vinho, e este não têm sido devidamente reconhecido e valorizado.
Por um lado, os agricultores fazem o essencial para manter viva a esperança nesta actividade, mas ao fazê-lo não dão tanto trabalho e por isso as pessoas ganham menos. A Câmara não tem podido fazer muito, mas temos colaborado na reabilitação de caminhos agrícolas. É uma política que vamos continuar arduamente nos próximos mandatos.
Actualmente temos uma parceria com as Caves de Santa Marta e uma agência de turismo, de forma a que os operadores turísticos possam trazer os seus clientes para visitar esse local. Visitar as Caves é visitar a maior Adega do Douro da qual depende a grande parte da sustentabilidade dos nossos agricultores. Ao melhorar aquela casa, é contribuir para aumentar os rendimentos dos nossos agricultores. Espero que esta iniciativa, traga a médio prazo resultados interessantes, já que os visitantes vão divulgar pela positiva os nossos vinhos, e dai possam trazer mais-valias para a vila.
LH- A aposta de desenvolvimento é feita quer para o meio rural como urbano...
FR- Hoje, felizmente, não temos nenhuma aldeia que envergonhe os seus moradores. Não temos duas políticas pois queremos um concelho equilibrado em termos de necessidades básicas. Isto dá-nos muita alegria.
LH- A desertificação é um problema que também afecta o seu concelho..
FR- Penso que qualquer autarca vê com muita apreensão e pena a partida dos seus concidadãos que precisam sair da sua terra para governar a vida. É evidente que o Interior, devido às sucessivas políticas de diferentes governos, não tem sido tratado com a dignidade que merece. Normalmente as políticas de desenvolvimento são feitas onde existem muito aglomerados populacionais, e os governos apostam mais no Litoral. É claro que o Interior tem sido muito desprezado e só recebe quando o Litoral não precisa.
Não se compreende esta fuga, se cada vez temos as necessidades básicas colmatadas e as pessoas são forçadas a partir. É com pena que se façam estruturas e não haja gente para gozá-las. Vamos tentando por um lado, tornar mais atraente as terras e por outro ter fé e esperança que a vida económica desta terra melhore. O Douro está a viver uma crise sem precedentes. Esta região já foi apetecível, mas neste momento, a crise grassa por toda a região.
Espero que haja esforços da parte das estruturas competentes para resolver os problemas ligados ao vinho, desde a Casa do Douro, Adegas Cooperativas e até mesmo o Governo que se apliquem mais nesta área e prestem uma atenção redobrada deste sector do qual dependem muitos milhares de portugueses.
LH – A Comunidade Urbana do Douro está em standby. Era de facto a divisão administrativa mais indicada para a Região.
FR – Sinceramente nunca acreditei nesta reforma administrativa promovida pelo Governo do PSD. Penso que foi mais uma maneira de entreter os autarcas e o povo, para fugir à Regionalização. Nunca vi com muito agrado este tipo de comunidade. Obviamente que a opção tomada por este município foi feita com toda a clarividência. Optámos sem hesitação pela Comunidade Urbana do Douro, mas na prática as Comunidades Urbanas não foram uma grande opção. Espero que este governo, a curto prazo, e os principais partidos, tenham a coragem de instituir a Regionalização.
Caso a aposta tivesse ido para a Regionalização a nossa região teria beneficiado muito mais dos Fundos Comunitários. Se não vejamos: quando esses Fundos vêm para o nosso país, são divididos de uma forma injusta. O Litoral, onde há mais poder político e demográfico, sai sempre beneficiado. Na minha opinião, quando são feitas as candidaturas e depois aprovadas, seria necessário ter em conta que Trás-os-Montes e Alto Douro é uma zona deprimida e que precisa, mais do que nunca, da solidariedade e dos meios financeiros para se desenvolver.
LH- Como está Santa Marta a enfrentar o problema de seca extrema e consequente falta de água?
FR- Felizmente com o gigantesco investimento que o município fez com a construção da Barragem e Estação de Tratamento do Sordo, em parceria com a Câmara de Vila Real, temos a questão de falta de água resolvida, a médio prazo. No passado, era dramático como as populações passavam dias inteiros sem água e sem puderem encher um simples caneco.
Até ao momento, ainda não houve cortes e continuamos a oferecer aos nossos munícipes água de qualidade e quantidade suficiente para as necessidades básicas.
Todavia é necessário termos em atenção que a água é um bem esgostável. Os cidadãos precisam de ter consciência que devemos preservar este bem tão precioso e fundamental. Oxalá que dentro de dois ou três anos a situação não persista. Caso contrário poderemos viver um drama nacional.
LH- Quais as principais características que um autarca deverá possuir?
FR – Só o povo poderá avaliar quais são as características de um bom presidente de Câmara. Sou suspeito para falar. Sou um homem que aceitou o desafio para fazer algo pela terra que me viu nascer. Entendo que deveria dar ao meu concelho um pouco da minha vida, em prol do seu desenvolvimento. Tenho verificado que a maioria da população se tem revisto no meu estilo e forma de ser, e que genericamente, está satisfeita com o meu trabalho.
O maior tributo que os meus concidadãos podem dar é o carinho, amizade e confiança, que me têm dispensado para continuar a liderar os destinos deste maravilhoso concelho.
LH- Pelas suas palavras deduzo que está confiante num bom resultado nas eleições de Outubro?
FR- Sim, estou confiante. Assumo este próximo acto eleitoral com confiança e avancei sem pressões, quer pessoais ou partidárias. Não concebo a política com pressões de qualquer ordem. Temos que aceitar os desafios que a vida nos coloca com prazer e vontade interior de servir. Tenho a consciência que poderia sair da política quando quisesse, com alguma estabilidade política de momento, mas entendo que aquilo que o concelho me deu, a forma como as pessoas me têm tratado fez-me aceitar e renovar este desafio. Quando eu sentir que não tenho condições para estar neste cargo, serei o primeiro a abandoná-lo, pois nunca exercerei uma função devido a qualquer tipo de pressões, e nunca me tornarei uma peça a mais e inútil no progresso da minha terra.
Mantenho a confiança no trabalho das pessoas que me acompanham e apoiam para manter este concelho na senda do desenvolvimento.
LH- Concorda com a limitação dos mandatos dos autarcas?
FR- Ponho algumas dúvidas neste tipo de limitação. Concordaria se este pressuposto fosse alargado a todas as pessoas que exercem funções de poder político neste país, desde deputados, primeiro-ministro e governos regionais. Não faz sentido apenas serem os autarcas visados neste projecto-lei, porque dá a sensação que somos os ‘maus da fita’. Apesar de existirem excepções, com autarcas a não merecerem ostentar esse nome, deve-se ao poder local o melhor que se fez pelos cidadãos das nossas aldeias, cidades e vilas do nosso Portugal, após o 25 de Abril.
LH- Uma palavra de incentivo para os emigrantes do seu concelho que pretendam regressar.
FR- Também devemos aos nossos emigrantes uma parte do desenvolvimento do nosso concelho. Recordo que, aqueles que, infelizmente, são forçados a abandonar as suas terras para governar a vida, quando regressam apostam na construção da sua casa e investem em diversos negócios. Mas, é com tristeza que vejo partir os meus concidadãos, já que é um pouco da nossa alma e território que também partem.
Espero que um dia possam regressar definitivamente e assim puderem usufruir das obras, que temos construído, quer para eles, quer para os residentes.
LH – Uma palavra de esperança para aqueles que vivem em Santa Marta de Penaguião.
FR- Quem me conhece sabe da minha dedicação incondicional ao meu concelho. Tenho feito o melhor de mim, pensando sempre na minha terra e nas minhas gentes. Estou há vinte anos e seis na vida política activa e é com satisfação e muito orgulho que presido à Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião.
Não há palavras para explicar o que sinto ao ter a possibilidade de fazer algo pelo meu povo.
Todos sabem que não sou hipócrita. Sou uma pessoa um pouco irreverente e muitas vezes não compreendido.
Acreditem que não vou mudar a minha forma de ser, e com este meu estilo de governação autárquica e aproveitando o meu profundo conhecimento do concelho, tudo farei para minimizar as suas carências e dignificar, cada vez mais, as suas gentes. Santa Marta merece. “Por isso, juntos vamos continuar”.