O escritor e catedrático de literatura Helder Macedo recebe hoje às 18 horas, na Casa de Mateus, em Vila Real, o Prémio D. Diniz/2018, pela sua obra "Camões e outros contemporâneos".
O galardão é atribuído desde 1980, pela Fundação da Casa de Mateus, e o júri da edição deste ano foi constituído pelos poetas Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia, que atribuiu, por unanimidade, o prémio a Helder Macedo.
Segundo o júri, Helder Macedo, "poeta e romancista reconhecido", oferece "neste livro da sua vertente ensaística, um percurso pela literatura portuguesa, da Idade Média à atualidade, em que a familiaridade com os grandes autores do passado e os do presente nos aproxima do seu universo, cruzando criação e vida".
"O Prémio D. Diniz, dado a uma obra que começa precisamente pela análise inovadora de uma cantiga de amigo do rei poeta, que o nome do prémio celebra, distingue uma obra que assume a ousadia das suas descobertas e o faz com uma erudição que, longe de afastar o leitor, o fascina pelos novos horizontes que vem abrir", afirma o júri.
A obra, publicada com a chancela da Editorial Presença, divide-se em quatro partes, sendo a primeira 'Camões e a Modernidade da Tradição', que inclui, entre outros, ensaios sobre o autor d''Os Lusíadas', sobre Sá de Miranda ou ainda um intitulado 'Luso, filho de Baco'.
A segunda, 'História, Memória e Ficção', inclui, entre outros, uma reflexão sobre história e profecia, em que aborda o cronista Fernão Lopes, o padre jesuíta António Vieira e o historiador e político Joaquim d'Oliveira Martins, além de textos sobre as personagens D. Quixote e Dulcineia, de Cervantes, sobre "ficções da identidade" em Fernando Pessoa e Cesário Verde, e um texto de 2012, sobre o romance 'A Balada da Praia dos Cães', de Cardoso Pires.
Na terceira parte apresenta o que chama de 'Testemunhos', no qual reúne oito textos, nomeadamente sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário Cesariny e Herberto Helder, e ainda um que intitula 'Pensamentos e escritos (pós) coloniais: Partes de África', numa referência ao seu romance 'Partes de África', editado em 1991.
A quarta parte é dedicada ao "enquadramento analítico dos oito séculos de literatura portuguesa", um texto que, explica o autor, professor catedrático jubilado do King's College, em Londres, foi uma encomenda dos seus colegas da Universidade de Oxford para um 'Companion to Portuguese Literature', "destinado primordialmente a um público universitário", que leva Helder Macedo a acrescentar: "Creio que esta versão portuguesa poderá também ajudar a contextualizar os textos" que escolheu para fazerem parte desta coletânea.
A cerimónia conta com a presença, entre outras personalidades, do Presidente da República e do ministro da Cultura.
Helder Macedo, nascido há 82 anos na África do Sul, é autor de vários ensaios sobre literatura portuguesa e, paralelamente, assinou vários títulos de ficção e de poesia, como os romances 'Pedro e Paula' (1998) e 'Tão Longo Amor Tão Curta a Vida' (2013), a coletânea 'Poemas Novos e Velhos' (2011) e 'Romance' (2015).
O Prémio D. Diniz distingue anualmente uma obra de autor português nas áreas da ficção, poesia ou ensaio. No ano passado, a obra vencedora foi o romance 'Astronomia', de Mário Cláudio.
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